quinta-feira, 10 de abril de 2008

Imprensa de Almada em exposição no Arquivo Histórico

(Arquivo Histórico de Almada - foto António Vitorino)


A Imprensa Periódica em Almada: 200 anos de história é o título da 15ª mostra documental patente ao público na sala de exposições do Arquivo Histórico de Almada, de 3 de Abril a 11 de Julho de 2008.

A mostra bibliográfica pretende dar uma panorâmica geral sobre a imprensa local almadense, no período compreendido entre os séculos XIX-XXI. Esta relação de periódicos, ainda que incompleta, divulga uma grande parte do acervo existente no sector de periódicos desta instituição, bem como outros títulos também editados em Almada, que poderão ser consultados na Biblioteca Nacional e na Hemeroteca da C.M. de Lisboa.

São duzentos anos de imprensa regional, que desde a segunda metade do século XIX, fazem transparecer os múltiplos aspectos de ordem ideológica, social e cultural da comunidade de Almada.

Os jornais eram a principal fonte escrita de informação e expressão, reflectindo quase sempre as ideologias do seu director ou do grupo que o apoiava, quer na defesa dos interesses políticos e sociais, quer na divulgação de notícias de interesse local. A maior parte destes órgãos de informação tinham uma vida bastante curta, não indo além do primeiro ou dos primeiros números.

Almada surge, pela primeira vez, referenciada no jornal “A Gazeta de Almada”, em 1808. Era composto por uma folha periódica, da qual se publicaram vários números. Este jornal caracterizava-se como sendo mordaz e irónico, com o objectivo de desmoralizar ou ridicularizar as tropas francesas que haviam invadido Portugal.

Como a imprensa se expandia a bom ritmo, não é de estranhar que a opinião pública ganhasse expressão e ocupasse um lugar de destaque nas preocupações dos liberais. Em 1822 regulamenta-se a liberdade da imprensa em Portugal, o que faz com que aos poucos esta vá perdendo o seu carácter apenas informativo, surgindo assim um tipo de imprensa que serve novas correntes e ideais meramente políticos e partidários. A chamada imprensa revolucionária. A sua função não se limita a defender ideais, a educar politicamente ou a ganhar aliados. O jornal não é só considerado um propagandista colectivo e um agitador de classes, mas também um organizador colectivo.

Em 1899 surge em Almada o jornal “O Corticeiro: semanário operário, órgão da indústria corticeira e do proletariado em geral», que continha na grande maioria dos seus artigos críticas ao regime, ao patronato e às más condições sociais em que viviam os trabalhadores e suas famílias.

Com o “Estado Novo”, a actividade jornalística complica-se e, pela primeira vez, em Junho de 1926, os jornais fazem alusão à célebre menção “Este número foi visado pela Comissão de censura”, limitando-se a reproduzir notícias que não colidam com os superiores interesses da Nação. O “lápis azul” riscou notícias, peças de teatro e livros, apagou anúncios publicitários, caricaturas e pinturas. Durante este período conturbado muitos jornais e revistas deixaram de ser editados e outros voltam-se para as notícias de carácter associativo e a sua actividade cultural.

Podemos concluir que o desenvolvimento da imprensa Periódica em Almada foi a todos os níveis notável, com jornalistas de vulto e alguns jornais com história e grande influência local, proporcionando a união de classes, o desenvolvimento e consolidação das fortes tradições populares e associativas da região.

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